O setor de Parcerias Público Privadas (PPPs) e Concessões vem se consolidando como uma das principais ferramentas para a viabilização de infraestrutura e serviços públicos no Brasil. Mas, para que essas parcerias cumpram seu papel com efetividade e sustentabilidade, é essencial que sejam compreendidas em toda sua complexidade. Essa é a visão de Jesus Pacheco, ex-aluno do MBA PPP e Concessões e atual diretor jurídico e de assessoria em parcerias da SP Parcerias, empresa que atua em projetos por todo o país.
“Multidisciplinaridade é essencial para compreender e permitir a evolução do setor de PPPs e Concessões“, afirma Jesus. Segundo ele, ainda há uma predominância de visões jurídicas e econômicas nas discussões sobre o tema. No entanto, esse modelo demanda a integração de outras áreas do conhecimento, como urbanismo, gestão pública e ciências sociais. “É preciso compreender os projetos dentro do contexto das políticas públicas e dos objetivos sociais que buscam atender.”

Jesus Pacheco é ex-aluno do MBA PPP e Concessões, diretor jurídico e de assessoria em parcerias na São Paulo Parcerias
O desafio da fase pós contratual
Para Jesus, um dos principais gargalos do setor está na fase pós-contratual. “Assinar um contrato é apenas o começo. Um contrato de 30 ou 35 anos exige uma mudança de postura da administração pública, que deve atuar de forma gerencial e adaptativa para garantir a sustentabilidade do projeto.”
A SP Parcerias tem se destacado pela forma como vem enfrentando esse desafio. Durante a última edição do P3C, evento nacional sobre PPPs, a empresa recebeu menção honrosa pelas boas práticas de gestão pública. Segundo Jesus, esse reconhecimento veio de um esforço conjunto para desenvolver uma metodologia própria de gestão de contratos, que inclui acompanhamento e assessoria ao poder concedente durante toda a execução do contrato.
“Temos contratos de concessão de parques, terminais de ônibus, escolas, estádios, polos gastronômicos, entre outros. Cada um desses projetos é acompanhado por uma Secretaria diferente, com organização própria. É fundamental termos uma parametrização centralizada para garantir a unidade no tratamento das questões contratuais.”
O papel do MBA na formação de lideranças
Jesus ingressou na SP Parcerias após concluir o MBA PPP e Concessões. Antes, atuava como coordenador na Prefeitura de São Paulo. Segundo ele, o curso foi fundamental para ampliar sua visão sobre o setor. “Quando comecei, minha formação era predominantemente jurídica. O MBA trouxe uma riqueza enorme de perspectivas voltadas para o setor: econômica, social, técnica. Isso muda a forma como você enxerga e formula projetos.”
Um dos destaques do curso, para Jesus, é a abordagem prática. Os capstones, projetos desenvolvidos ao longo do MBA, ajudam a aplicar os conceitos em situações reais. “A experiência prática é essencial. Ela permite entender como os conceitos funcionam na realidade, quais são os entraves, os dilemas, as soluções.”
Aprendizados internacionais e conexões duradouras
O módulo internacional do MBA é outro ponto que Jesus considera diferencial. “Poder ver o que outros países estão fazendo, ouvir os erros e acertos deles, foi enriquecedor. Tive a oportunidade de conhecer colegas de diferentes regiões do Brasil e trocar experiências que seguem até hoje.”
Além do networking, a imersão em uma outra cultura administrativa ajudou a quebrar mitos. “Achamos que nossos problemas são únicos, mas vimos que prazos, orçamentos e legislação são desafios em todos os lugares. O diferencial está em como capturar os aprendizados e retroalimentar os projetos com essas lições”.
Importante destacar que, após conversar conosco, Jesus participou da 12ª edição do PPP Américas em Lima, Peru. O evento é um dos mais relevantes da América Latina e reuniu líderes governamentais, investidores e especialistas para discutir os principais desafios e oportunidades na região. Representando a SP Parcerias, o diretor levou portfólio da empresa, permitindo que outros colegas do setor conheçam mais sobre os projetos.
Projetos com impacto social
Entre os projetos que desenvolveu na SP Parcerias, Jesus destaca os ligados à educação e à revitalização urbana. “Trabalhamos em modelagens de concessão de unidades escolares, como os CEUs, ouvindo professores, diretores, famílias, antes mesmo da modelagem estar finalizada. Isso faz toda a diferença no resultado.”
Outros projetos mencionados incluem a revitalização do Parque Dom Pedro Terminais Leste, Pacaembu e Anhembi. “Conversamos com a população local para entender demandas específicas. Isso gera projetos mais conectados com a realidade e, portanto, com melhor entrega.”
Parceria como cultura
Jesus defende que um dos maiores desafios do setor é a compreensão real do que significa “parceria”. “Muitas vezes, falta o entendimento de que as duas partes devem colaborar para o sucesso do projeto. Temos objetivos comuns e também interesses próprios, como o lucro da parte privada e os benefícios públicos.”
Ele alerta para o excesso de protagonismo jurídico, que pode gerar abordagens contenciosas e dificultar acordos. “A consensualidade precisa ser priorizada. Estamos em um momento de transição do Estado burocrático para o Estado gerencial. Isso exige uma nova mentalidade.”
Um exemplo que Jesus costuma usar é a mudança de uma lógica quantitativa para qualitativa na fiscalização de serviços. “Em vez de contar quantas vezes o banheiro foi limpo, precisamos garantir que ele esteja limpo de verdade. Isso é mais complexo, mas também mais eficaz.”
Lições de um setor em construção
Com apenas cinco anos de execução dos primeiros contratos assinados pelo município, Jesus acredita que ainda estamos construindo os fundamentos do setor. “Estamos aprendendo a retroalimentar os projetos, captar os erros, aprimorar metodologias.”
A multidisciplinaridade, para ele, é o caminho para essa evolução. “Quando diferentes profissionais se encontram, o projeto se torna mais complexo, mas também mais completo. E isso faz toda a diferença para que ele atinja seus objetivos.”
Ao final da entrevista, fica clara a visão de futuro que Jesus traz para o setor: uma atuação mais colaborativa, mais integrada e centrada em resultados reais para a população. Com a experiência de quem vive, no dia a dia, os desafios e as oportunidades da gestão pública, Jesus Pacheco nos lembra que boas parcerias exigem escuta, cooperação e propósito comum. Mais do que contratos, elas são compromissos com resultados que transformam a vida nas cidades.
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